sábado, 16 de janeiro de 2010

Boneca

Era como se uma imagem de boneca me acompanhasse.Quando existe uma imagem de Santo que acompanha várias gerações de familias, a imagem fica historica e está sempre num lugar escolhido "na nova familia" - e, termina por não se saber maissua origem...Eu vi a boneca na mão do caseiro, que, esvaziava a vitrine que, de "aglomerado" de madeira,se desmantelara toda...Logo me chamou a atenção o magnifico cabelo humano que cobria a cabeça da boneca.Era um cabelo castanho avermelhado, muito bilhante, jovem e forte.A boneca era de porcelana fina, a boca desenhada como uma jóia, dois pequenos dentes aparecendo entre os lábios, olhos redondos, azuis... o vestido de organdi branco, com apliques verdes de outra fazenda.Talvez um brinquedo antigo, de uma menina européia, ou um adorno de uma jovem mulher, para o seu quarto - fora-me dada pela minha amiga "Nuche" alemã, que se desfizera das antigas bonecas.Desde criança, nunca tive uma boneca bonita.Os melhores brinquedos, eram para o irmão do meio, o preferido da familia.A única boneca grande e bonita que tive, esse mesmo irmão, lhe afundou os olhos de vidro que se abriam e fechavam...Dai em diante, nunca tive uma boneca bonita...Mas, a lembrança de uma bela boneca me acompanhava, como companheira de meus periodos de Solidão, quase humana, solidária nos meus sofrimentos...Era como se, em algum cemiterio longincuo, na Europa, eu tivesse morrido e sido enterrada com a boneca preferida... meu corpo de criança, se deteriorou, mas a boneca continua louçã, linda e mara-vilhosa, me fazendo companhia até hoje. clarisse

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