segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Pela Estrada

Pela Estrada



Ainda com tua seiva pegajosa
em minhas pernas,
segurando a mãozinha
de nosso pequeno filho,
eu desafiava os perigos da Estrada...
... as serpentes que iam atravessa-la
pelo anoitecer,
...o urro longincuo e abafado do tigre,
o vento quente que se transformava
em Oceano embaixo da Lua Cheia,
o vento se desdobrando em vagas e
mais vagas,
acompanhando os batimentos de
meu coração aflito,
eu pedia aos deuses para chegar
logo em casa...
...logo em casa... a casa de barro amassado
com estrume de vaca...
com uma coalhada em cima do fogão
de terra enlameada
para depois, eu me deitar no chão forrado
com os mesmos trapos ja velhos de tantos
anos,
puxando teu minusculo corpinho de quatro
anos,
para junto do meu, cansado, das danças no
templo, cheirando a Incenso preso nos meus
longos cabelos,
cujo cheiro se transformava em perfume com
com o odor de tua seiva presa ainda em minhas
pernas,
eu pensava só em dormir, para outro dia de
fadiga, que a Vida pobre pedia para cumprir
a promessa feita aos deuses de mais um tempo
para o Perdão
ao Karma acumulado
de Mil Anos
clarisse



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