A Ilha do Amor, não é uma invenção poética elaborada na mente de Camões por motivos só estéticos ou morais (????). É uma imagem do Centro do Mundo e, por isso, algo de tremendamente sério, de que podemos fazer uma idéia, necessariamente remota, se tivermos a intelecção de que todo este imenso mundo sublunar depende, no seu movimento, forma e vida, de um centro, tal como está escrito na Vida Nova, quando o Amor diz de si:
"Ego tanquam centrum circuli, cui simili modo se habent circunferentiae partes; tu autem non si" ("Eu sou como o centro do circulo, ao qual de modo semelhante se referem as partes da circunferencia; tu não)
O vidro, o diamante e o cristal aparecem em todas as representações do Centro do Mundo. A transparencia do vidro e do cristal alude à invisibilidade desse Reino, tão próximo como remoto; a dureza à sua realidade. Como o diamante, irradia para todas as
direcções do espaço a luz interior do mundo; como ele, é inviolavel.
São imagens, evidentemente, e, por isso, temos de regressar à reflexão inicial deste capitulo para repensar com Camões, desta vez, os termos desse dado imediato que é o amor. Como o imenso universo depende do Uno, que é Deus, identificavel à Jerusalem Celeste e como o mundo sublunar tem "nas entranhas do profundo oceano o seu centro
misterioso, identificavel à Jerusalem Terrestre assim no corpo do homem vivente há um motor imóvel. "o ponto fundo", que reside no coração e ao qual estão referidas todas as
percepções.
De Clarisse
"Eu sou como o centro do circulo ao qual de modo semelhante se referem as partes da
circunferencia, tu não)
O ponto de referencia, é o Centro do Circulo, e as partes da Circunferencia, têm a mesma
potencia que o Centro - assim a Irradiação é Uma Só.
O Ser Humano, não; ele, o Ser Humano, é uma parte do circulo, mas não se entroniza no
Centro. Ele, o Ser Humano, pode realizar "esse milagre", tendo ciencia de que o Coração, representa o Amor em sua Totalidade, "...no corpo do homem vivente há um motor imóvel, "o ponto fundo" que reside no coração e ao qual estão referidas todas as
percepções."
Assim, o ponto de referencia e todas as percepções estão confusas na mente de um homem comum, que não sabe como "separa-las" e coloca-las em seus devidos lugares.
O Ser Humano "desaparece' e sua natureza divina vibra de acordo com os ditames de
"ordem" da Divindade.
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