Estrada estreita, cavada quase com os pés daqueles que foram abrindo caminho nela.
A relva rasteira, das Terras quentes, onde o vento "sem ser convidado", aparece e desaparece e ninguém sabe de onde vem e quando vem.
A terra amarela e acastanhada pelo calor do Sol agressivo e indomado, queima os pés descalsos, e, mesmo que as sandálias tentem proteger os pés gastos e cheios de cicatrizes, os pés das dançarinas sagradas do templo, são amaciados com óleos perfumados e as batidas ao ritmo das danças protegem as solas desses pés sagrados.
A Estrada é a única coisa que uma bayadera do Templo, tem como seu canto particular.
A casa da mãe e das tias, que ela, a bayadera tem como "sua" também é um recanto de mentira, pois mesmo o carinho e amor da mãe e das tias não se aproximam de suas emoções roidas pelas atitudes daqueles que não compreendem suas mais profundas dores e sentimentos.
Se ela, a dançarina pobre há mais de 250 anos atrás, caminha de volta ao templo, à medida que o vento traz poeira sobre seus negros e longos cabelos, ajuntados em tranças untadas com óleos perfumados, à medida que ela se aproxima do templo, suas emoções se transformam, adquirindo as tonalidades impostas pelos deuses do Hinduismo.
Ela, a dançarina sagrada, atravessa a estreita porta e dentro do templo, esquece a casa pobre e o pano grosseiro em que repousa no chão de barro batido.
No seu nicho particular, retira as jóias para a cabeça, as pulseiras, as tornozeleiras, pejadas de guisos e sinos de prata.
É como se ela agora, fosse outra pessoa.
Apenas, a Verdade de Sua Vida, é a Estrada, entre o templo e sua casa.
E foi a estradinha, que mais restou da sua Lembrança da Encarnação na India, porque, não havia mais Verdade de Si Mesma, do que a familia que não a compreendia, o Templo,
que lhe exigia de tudo, e o amante que não confiava nela...
clarisse
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