terça-feira, 17 de novembro de 2009

Historia Secreta de Portugal - Antonio Telmo‏

pg. 133
Admitimos que haja muito de literário na forma da poesia de Pascoaes, como talvez de toda a poesia. Todavia, é irrecusável, a evidencia de um conteudo terrivelmente sério, experimental, operativo, iniciático. Os seus elementos essenciais, o poeta di-lo muitas vezes, são o silencio e a solidão e a lua, essa caveira astral. É algo que corresponde, em termos de iniciação maçonica, à soledade absoluta da "câmera escura", que Fernando Pessoa representou na primeira parte do poema A Múmia.
No grande silencio e na grande solidão da montanha, que são atributos essenciais da natureza (as vozes dos animais, o canto dos pássaros, o fragor das águas e dos ventos, o trovejar das nuvens exprimem ainda pelo som aspectos íntimos do silencio e da solidão), ali o homem pode ter, como teve Jacob, a revelação de Deus, através do medo cósmico. O ruido é uma criação do homem. ......
Aprende-se assim a conhecer na natureza visivel o seu duplo oculto. Todos os seres têm o seu duplo, diz-nos Pascoaes numa visão inversa de Caeiro, e as sombras constituem o verdadeiro lado das coisas. ...(a sombra do Marão não é a quantidade de espaço que o sol, interposta a serra, não pode iluminar, mas sim o próprio entardecer ou a propria montanha manifestada no seu duplo intimo e oculto), como entende também a imagem secreta de cada coisa e que se torna presente ao espirito por uma invocação mágica que nomeia o ser da coisa e os seus atributos: a ideia.
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A natureza transforma-se, pelo poder do verbo, na terra vivente dos iniciados.
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Portugal, é um mistério pelas suas Obras em cantaria de Pedra, seu Fado em apelo pelos sentimentos mais íntimos, um País, que é uma Montanha Secreta cuja Sombra todos percebem e temos o dever de descobrir o que esta Sombra é Eterno Passado, Presente Para Ser Decifrado e Futuro para esclarecer o que em milhares de Anos, não
pudemos totalmente ainda compreender. ..
clarisse

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