sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

ODOR DE FEMEA

ODOR DE FEMEA


A Tigresa, com seus olhos de ágata, agachou-se na moita
de junco, ao lado do rio.
Do outro lado, prestes a saltar sobre ela, o macho murchou
as orelhas e soltou um hurro abafado.
O vento trouxe uma nuvem escura e de repente, parecia que
um tufão tivesse modificado o mundo.
Um odor de fêmea, como a passagem da manga madura
no verão, espalhou-se naquela tarde onde o vento quente
transformava a vida.
Agora, não eram mais os olhos incendiados do macho tigre,
mas os olhos negros de falcão que por detrás de uma das
colunas do templo, fixavam a baiadera em seus requebros
sensuais - e num salto, tendo nas garras de dedos magros
e morenos, um punhal, ele saltou, para misturar o odor de
fêmea com sangue; os magos de detrás das nuvens,
iriam aproveitar a cor vermelha para eternisar o fogo,
na chama eterna que se alimenta do incenso da fêmea,
para sempre a próxima paixão.

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